A inflação ficou em 0,89% em novembro na comparação com o mês anterior, segundo divulgou o IBGE nesta manhã. Alimentos e combustíveis pressionaram o índice, que deve fechar o ano acima do centro da meta de 2020. Entre janeiro e novembro, o IPCA acumula alta de 3,13%. E, em 12 meses, de 4,31%.
O centro da meta para 2020 é de 4%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Nesta segunda-feira, o Boletim Focus do Banco Central já apontava para avanço do indicador acima da meta no ano, após a inclusão da bandeira vermelha nas contas de luz de dezembro.
— O resultado acima da meta já havia acontecido em janeiro e fevereiro, de 4,19% e 4,01%, por causa da alta das carnes no fim do ano passado. Depois, a inflação foi mais comedida em janeiro e fevereiro, por causa do recuo nos preços desses dois itens. Em março, entramos na pandemia e houve deflação. E, desde junho, temos tido variações positivas, puxadas pelos alimentos — explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
O IPCA de novembro ficou acima da expectativa do mercado. Analistas ouvidos pela Reuters apontavam alta de 0,78%, uma desaceleração em relação aos 0,86% de outubro. Em novembro de 2019, o indicador havia ficado em 0,51%.
O cenário, diz Kislanov, é parecido com o que temos visto nos últimos meses, em que o grupo de alimentos e bebidas continua impactando bastante o resultado. Dentro desse grupo, os componentes que mais têm pressionado são as carnes, que tiveram uma alta de mais de 6%.
Outros alimentos que tiveram alta forte no mês foram a batata-inglesa, que subiu quase 30%, e o tomate, cujo preço saltou 18,45%.
Segundo Kislanov, os preços dos alimentos continuam subindo tanto pela maior demanda interna, impulsionada pelo auxílio emergencial - ainda que o benefício tenha sido reduzido à metade desde setembro - como pela restrição de oferta no mercado doméstico, já que muitos produtores redirecionaram a produção para o exterior. O dólar mais alto incentiva as exportações.
Vilões da inflação dos últimos meses, o óleo de soja e o arroz tiveram altas menores em novembro, abaixo de 10%. Ainda assim, o grupo alimentação e bebidas avançou 2,54% em novembro, mais que no mês anterior (1,93%).
No acumulado do ano, porém, o óleo de soja registra alta de 94,10% e o arroz, de 69,50%. O tomate também teve variação expressiva no ano, de 76,57%.
Em relação às quedas, nos alimentos só o leite longa vida baixou. No demais itens, perfumes, TV, som e informática e serviços como cinema, teatro e cabeleireiros registraram queda.
— A alimentação é o que mais influencia na alta dos últimos meses, mas não é o único componente. Um exemplo é a gasolina. Apesar de ter tido quedas no início da pandemia, está com o sexto mês consecutivo de alta. O etanol também está em subindo. Observamos ainda uma recuperação dos serviços — destaca Kislanov.
Gasolina tem sexta alta seguida
Os combustíveis também pesaram no bolso do brasileiro em novembro. O preço da gasolina subiu 1,64% no mês, na sexta alta consecutiva. O etanol, por sua vez, avançou 9,23%. Os combustíveis são os principais responsáveis pelo avanço do grupo transportes (1,33%) em novembro, que, ao lado do grupo alimentos e bebidas, puxaram a alta do IPCA no mês.
Em dezembro, a inflação também deve ser pressionada pelos preços administrados, já que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou bandeira vermelha nas contas de luz neste mês, levando economistas a revisarem a expectativa de alta do índice para 2020.
Segundo o Boletim Focus do Banco Central divulgado nesta segunda-feira, analistas revisaram a projeção do IPCA de 3,54%, na semana passada, para 4,21%. A cobrança da taxa extra na conta de luz estava suspensa desde maio deste ano, por causa da pandemia.
Apesar de aumentar a projeção da inflação oficial de 2020, a expectativa do mercado é que a taxa básica de juros, a Selic, hoje em sua mínima histórica de 2%, seja mantida na reunião no Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana, a última do ano.
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