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sábado, 7 de janeiro de 2017

Europa - Onda de frio glacial provoca acidentes e mortes

A onda de frio glacial que atinge a Europa e se estende até o Oriente Médio provoca nevascas, mortes e problemas no tráfego aéreo.

A massa de frio, que se desloca do polo norte para o centro da Europa e também para a região do Oriente Médio, mobiliza as autoridades. Na Polônia, a polícia pede à população para assinalar desabrigados. Só ontem, sete pessoas morreram de hipotermia no país. Desde o início de novembro, o saldo é ainda maior, com 53 mortos por causa das baixas temperaturas.

"Sexta-feira foi o dia mais trágico desse inverno", disse o porta-voz da polícia polonesa, Bozena Wysocka. A previsão é de que as temperaturas permaneçam negativas durante o fim de semana.© Fournis par France Médias Monde Reuters

Na Suíça, a cidade de Davos, onde acontece de 17 a 20 de janeiro próximos o Fórum Econômico Mundial, a temperatura chegou a -19°C nesta madrugada, enquanto em Berna, no centro, fez -15,5°C. Até a Grécia, que costuma ter invernos menos rigorosos, amanheceu neste sábado com zero grau em Atenas e -15°C no norte do país.

Acidentes bloqueiam estradas na França

Trinta departamentos franceses estão em estado de alerta, devido ao risco de formação de placas de gelo em ruas e estradas. Durante a madrugada, os termômetros caíram a 20°C negativos em localidades do norte do país. Na região de Ile-de-France, onde fica a capital, a madrugada registrou temperaturas de -4°C a 13°C negativos.

Apesar das operações de prevenção, que consistem principalmente em espalhar sal no asfalto para derreter o gelo e aumentar a aderência dos pneus, os acidentes se multiplicam. Duas rodovias na região de Rouen, na Normandia, foram fechadas na manhã deste sábado, em virtude de um engavetamento de sete carros e também do capotamento de um caminhão. As autoridades suspenderam a circulação de caminhões na Normandia até a estabilização das condições climáticas. No entanto, a previsão é de que as temperaturas continuarão negativas durante todo o fim de semana.

Outra preocupação das autoridades é em relação aos moradores de rua. Em Paris, os albergues municipais estão saturados e não conseguem atender quase à metade dos pedidos de abrigo feitos pelos sem-teto.

Natal ortodoxo mais frio em 120 anos

Em Moscou, os termômetros desceram a 30°C negativos. Segundo a imprensa local, o Natal ortodoxo, celebrado na sexta-feira (6), foi o mais gelado dos últimos 120 anos na Rússia.

Em São Petersburgo, onde a temperatura caiu a -24 C° nesta madrugada, a polícia encontrou o corpo de um homem morto na rua de hipotermia.

Dois migrantes iraquianos foram encontrados mortos na Bulgária, perto da fronteira com a Turquia. Eles dormiam em uma floresta.

Tempestade de neve paralisa aeroporto de Istambul

Uma tempestade de neve paralisa Istambul neste sábado (7), causando o cancelamento de centenas de voos e perturbando o tráfego no Estreito de Bósforo. Uma camada de 40 cm de neve cobriu as ruas da cidade turca e interrompe o tráfego nas estradas da região.

A companhia aérea Turkish Airlines cancelou pelo menos 500 voos, afetando 5.900 passageiros que foram acomodados em hotéis na noite de sexta-feira (6). Quatro voos internacionais provenientes da Índia, Maldivas, África do Sul e Vietnã foram desviados para pouso no aeroporto de Gaziantep, na região sudeste da Turquia.

A Guarda Costeira suspendeu o tráfego marítimo no Bósforo, um dos estreitos mais movimentados do mundo. Deve nevar em Istambul durante todo o dia, com ligeira melhoria prevista na madrugada de domingo. No entanto, as temperaturas deverão permanecer abaixo de zero nos próximos dias.

PRESÍDIOS BRASILEIROS EM COLAPSO

Sistema carcerário brasileiro está à beira da explosão, diz Le Monde7

Com chamada de capa na edição de domingo (8) e segunda-feira (9), o jornal Le Monde relata "os massacres de presos em série" ocorridos nesta semana nas prisões brasileiras". Para o vespertino francês, não há dúvida: as duas rebeliões nos presídios do norte do país, que deixaram 87 detentos mortos, em um intervalo de quatro dias, mostram que "o sistema carcerário brasileiro está à beira da explosão".

O Le Monde afirma que os brasileiros "estão assustados e com vergonha do estado de suas prisões". Nas duas rebeliões, detentos foram barbaramente decapitados, esquartejados e abandonados em poças de sangue, reitera o diário.

O jornal conta que embora o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, tenha descartado a hipótese de um acerto de contas entre facções no caso da penitenciária agrícola de Monte Cristo, na sexta-feira (6), em Roraima, "essa nova carnificina parece uma medida de represália do Primeiro Comando da Capital (PCC)", que teve 56 de seus membros assassinados pela facção rival Família do Norte (FDN), na segunda-feira (2), em Manaus.

Le Monde explica o contexto desse "novo capítulo macabro da guerra de gangues", como resumiu Sérgio de Lima, do Fórum de Segurança Pública. As duas organizações mafiosas romperam há alguns meses uma trégua precária e agora travam uma guerra sangrenta pelo controle territorial do tráfico de drogas.

O vespertino relata que até o ministro da Justiça reconhece que o elevado grau de barbárie na luta entre traficantes não pode justificar tanta atrocidade. A superlotação dos presídios, a falta de condições mínimas de higiene, a coabitação de detentos de diferentes graus de periculosidade e a completa ausência do Estado, como assinalou a ONG Humam Rights Watch (HRW), são fatores que alimentam essas rebeliões.

Descrição das condições de higiene dos detentos fere imagem do país

Entre 2004 e 2014, a população carcerária brasileira aumentou 85%, sublinha a ONG. "Segundo a HRW, 40% dos detentos que aguardam julgamento estão encarcerados junto com presos já condenados, o que constitui uma contravenção aos princípios de direitos humanos e à lei brasileira", declara a diretora local da ONG, Laura Canineu.

Le Monde informa que desde 2012, a Pastoral Carcerária havia denunciado as condições inaceitáveis dos detentos na Amazônia. "Depois de visitar alguns estabelecimentos durante 40 dias, o padre Valdir João Silveira elaborou um relatório apontando a superlotação e condições de higiene deploráveis, como a falta de sabonete e de papel higiênico."

O jornal mostra que um relatório da HRW de 2015 citava "células sem janela nem leitos, onde 37 presos dormem em cima de um lençol no chão [...] outra em que 60 homens dormem em pé, agarrados às grades, e passam o dia envoltos num odor pestilento de mofo, suor, urina e excrementos". A Aids e a tuberculose reinam nos presídios.© Fournis par France Médias Monde REUTERS/Ueslei Marcelino

STF reconhece situação dramática nos presídios brasileiros

Em sua maioria indigentes, os detentos e suas famílias não têm outra escolha a não ser se entregar às gangues para sobreviver, constata o Le Monde. A reportagem diz que a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, reconhece a gravidade da situação e a provável "explosão do sistema carcerário".

O texto termina com a declaração atrapalhada do presidente Michel Temer, que se referiu à rebelião de Manaus como "um acidente pavoroso". Depois do incidente, ele anunciou a construção de novos presídios. Porém, o plano só vai diminuir a superlotação em 0,4%, segundo a Folha de S.Paulo, conclui Le Monde.