Os efeitos da seca no Ceará ameaçam
até mesmo o abastecimento para consumo da população. Sem água, os
impactos na economia também são consideráveis.
Emergência silenciosaNos
149 açudes monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do
Estado, 105 estão com volume abaixo dos 30%. Das 189 cidades cearenses,
nada menos do que 176 estão em situação de emergência por
causa da seca. Muitos prefeitos temem uma situação de colapso total no
final do ano, logo após as eleições. Como não é antes das eleições, as
autoridades posam como se tudo estive sob o mais absoluto controle. Qual
deles fala em racionamento? Ou pede desculpas pelo atraso obsceno nas
obras de transposição do rio São Francisco? Pois é, nenhum. Falam todos
de abundância, de distribuição de cisternas e de adutoras feitas às
pressas (um risco do ponto de vista orçamentário). Por enquanto os
carros-pipa resolvem, mas já está na hora de perguntar: de onde eles
irão tirar água daqui a alguns meses?
Gavião cheio, Castanhão secando…Em
Fortaleza, tudo parece em perfeita ordem, com o açude Gavião, em
Pacatuba, registrando 93,28% de volume d’água. Fica a impressão de que,
por algum motivo mágico, chove apenas nesse lugar, que mesmo abastecendo
a 5ª maior capital do Brasil durante a maior seca dos últimos 50 anos,
continua cheio, quase no máximo, enquanto o resto seca. A verdade, no
entanto, é que o Gavião é abastecido pelo Castanhão, que fica em Alto
Santo, e que está, vejam a situação, com apenas 36,17% de sua
capacidade. É muita água ainda, pois é o maior açude do Estado, mas seu
nível baixa com regularidade preocupante. Isso nenhum técnico da
Secretaria de Recursos Hídricos vai admitir, pelo menos até o dia 5 de
outubro.
Abaixo de 10%Abaixo,
segue a lista que fiz com os açudes que apresentam capacidade abaixo de
10%, de acordo com o boletim de hoje, dia 29 de julho, divulgado pela
Funceme. São 52, pouco mais de um terço das reservas hídricas do Ceará.
Muitos deles bem abaixo desse percentual. Cidades como Tauá e Canindé,
entre outras, estão em situação de calamidade, enquanto nossas
autoridades pedem o voto de suas populações. Confira:
Região do Acaraú
BONITO (Ipú) – 3.27%
CARÃO (Tamboril) – 7.55%
CARMINA (Catunda) – 2.1%
FARIAS DE SOUSA (Nova Russas) – 1.27%
Região do Alto Jaguaribe
BRÔCO (Tauá) – 1.94%
FAÉ (Quixelô) – 2.55%
FAVELAS (Tauá) – 8.09%
FORQUILHA II (Tauá) – 0%
MAMOEIRO (Antonina do Norte) – 9.26%
PARAMBU (Parambu) – 1.76%
POÇO DA PEDRA (Campos Sales) – 8.09%
TRICI (Tauá) – 0,66%
VÁRZEA DO BOI (Tauá) 0,48%
Região do Baixo Jaguaribe
S. ANT. DE RUSSAS (Russas) – 7.38%
Região do Banabuiú
CEDRO (Quixadá) – 4.96%
FOGAREIRO (Quixeramobim) – 9.08%
PIRABIBU (Quixeramobim) – 4.54%
SÃO JOSÉ I (Boa Viagem) – 5.55%
UMARI (Madalena) – 3.07%
Região do Coreaú
MARTINÓPOLE (Martinópole) – 8.22%
VÁRZEA DA VOLTA (Moraújo) – 1.69%
Região do Curu
CAXITORÉ (Umirim) – 9.15%
DESTERRO (Caridade) – 0%
ESCURIDÃO (Canindé) – 6,45%
FRIOS (Umirim) – 8.43%
GENERAL SAMPAIO (General Sampaio) – 7.63%
JERIMUM (Irauçuba) – 0%
PENTECOSTE (Pentecoste) – 2.94%
SALÃO (Canindé) – 1.68%
SÃO DOMINGOS (Caridade) – 0%
SÃO MATEUS (Canindé) – 2.64%
SOUZA (Canindé) – 0.07%
TEJUÇUOCA (Tejuçuoca) – 2.6%
Região Litoral
GERARDO ATIMBONE (Sobral) – 9.27%
PATOS (Sobral) – 2.19%
S. MARIA DE ARACT. (Sobral) – 3.82%
Região Médio Jaguaribe
FIGUEIREDO (Alto Santo) – 3.73%
MADEIRO (Pereiro) – 0.36%
POTIRETAMA (Potiretama) – 0.65%
Região Metropolitana
AMANARY (Maranguape) – 4.04%
PENEDO (Maranguape) – 1.24%
SITIOS NOVOS (Caucaia) – 6.59%
Região do Salgado
QUIXABINHA (Mauriti) – 6.77%
Obs. O açude Atalho (Brejo Santo) já está com 10.39%
Região do Sertão de Crateús
BARRA VELHA (Independência) – 4.5%
CARNAUBAL (Crateús) – 1.17%
COLINA (Quiterianópoles) – 2.71%
CUPIM (Independência) – 3.67%
FLOR DO CAMPO (Novo Oriente) – 2.24%
JABURU II (Independência) – 1.05%
REALEJO (Crateús) – 4.15%
SÃO JOSÉ III (Ipaporanga) – 1.05%
SUCESSO (Tamboril) – 0%
Fonte: Tribuna do Ceará