Polícia Civil indicia três por falhas em adutora em Itapipoca

Engenheiros e dono de construtora são apontados como responsáveis por defeitos que causaram vazamentos

HUMBERTO MOTA/ESPECIAL PARA O POVO DIVULGAÇÃO

Delegado Everardo Lima divulgou resultados da investigação sobre obra, cujo reparo envolveu até Cid Gomes

Como resultado da investigação sobre defeitos na adutora de Itapipoca, a 147,3 km de Fortaleza, a Polícia Civil indiciou três pessoas. Francisco Rodrigues de Lima, dono da PWE Engenharia, e Jorge Suraty, engenheiro residente da Coba, empresa contratada pelo Estado para fiscalizar a obra, são acusados de falsidade ideológica. José Edvan Dias Arruda, engenheiro residente da Superintendência de Obras Hidráulicas do Ceará (Sohidra), foi indiciado por prevaricação, cuja pena é de até 2 anos de prisão.

As informações foram divulgadas ontem pelo delegado responsável pelo inquérito, Everardo Lima, titular da Delegacia de Crimes Contra a Administração e Finanças Públicas. Segundo ele, a investigação chegou a oito possíveis causas para os vazamentos da adutora, em dezembro de 2013. Dentre elas, ausência de colchão de areia para receber os tubos, que foi pago pelo Estado, mas não executado. Conforme o delegado, o fato de o dono da PWE e o engenheiro da Coba terem incluído esse colchão na planilha de custo como serviço feito enquadra a dupla no crime de falsidade ideológica, que pode dar de um a cinco anos de prisão.

A Polícia também constatou, a partir de depoimentos, que operários usaram as pás de retroescavadeiras para bater na tubulação e encaixá-la, o que deve ser feito manualmente. Segundo o delegado, isso pode ter

 Bruno Pontes politica@opovo.com.br

causado a ruptura da junta elástica.

O delegado destacou ainda um fato “estranho” relativo à PWE. A empresa, responsável pela primeira fase da adutora, comprou 3.415 tubos e não devolveu nenhum deles por danos causados no transporte do Paraná ao Ceará.

“Ou foi muita sorte ou não houve a checagem da tubulação”, disse o delegado. Para comparar, ele destacou que a empresa que concluiu a obra, a Primor Construções Ltda – que assumiu após falência da PWE –, comprou 252 tubos e devolveu 126 em razão de danos por transporte, comuns, frisou o delegado, em transportes por longas distâncias.

O POVO telefonou para a PWE, mas o número disponível na Internet foi atendido no fim da tarde de ontem, após o anúncio dos indiciamentos. O mesmo se deu com a Coba. Email enviado para o endereço que consta no site da empresa voltou. Na Sohidra, foi informado que Edvan Arruda já havia saído no fim da tarde. O email enviado para ele não obteve retorno.