Economia de combustível de viaturas estaria afetando policiamento
Entidades representativas dizem que deslocamentos foram reduzidos ou que viaturas chegaram a ficar paradas. Polícias Civil e Militar confirmam readequação de gastos, mas negam que viaturas ficaram paradas
Relatos de policiais militares e de entidades representativas apontam redução dos percursos de rota nas AISs
Veículos da Polícia Militar e da Polícia Civil estariam deixando de circular ou reduzindo os deslocamentos por falta de dinheiro para compra de combustível. A reclamação parte de funcionários públicos e de entidades representativas dos trabalhadores e atingiria também outros setores, como os automóveis usados por agentes penitenciários.
A Polícia Militar informa que houve readequação dos gastos com combustível, em função dos cortes de gastos em todas as secretarias. A Polícia Civil informou que uma cota mensal foi estabelecida. Porém, em ambos os casos, as corporações ressaltam que pode ser autorizada verba suplementar, em caso de necessidade, e negam que veículos tenham ficado parados por falta de combustível. Entretanto, representantes das categorias reclamam da demora para liberação desse recurso extra, o que gera prejuízos ao serviço na ponta.
O limite previsto para cada viatura, que era de R$ 2 mil, teria sido reduzido em mais da metade na gestão do governador Camilo Santana (PT), relatam os servidores. No caso da Polícia Civil, policiais dizem que as viaturas do 6º Distrito Policial (Messejana) chegaram a ficar sem circular durante pelo menos um fim de semana por falta de abastecimento. Na Polícia Militar, os relatos apontam impacto no policiamento ostensivo, com diminuição dos percursos de rota das Áreas de Segurança Integradas (AISs).
Segundo o relações públicas da Polícia Militar, coronel Andrade Mendonça, não existe a falta de combustível. O que houve, segundo relata, foi readequação nos gastos para a continuidade do policiamento, seja ele preventivo ou ostensivo. “Houve o corte em todas as secretarias de 20% e um redirecionamento dos gastos. Nunca aconteceu de alguma viatura parar por falta de combustível. No mês em que é consumido combustível acima da cota, existe um valor extra”.
“Burocracia”Porém, há queixas sobre o rito para essa liberação. “Se ultrapassar a cota do combustível é preciso uma autorização extremamente burocrática e gera a parada dos policiais por muito tempo”, relatou o deputado estadual Capitão Wagner (PR), presidente de honra da Associação de Profissionais da Segurança (APS). O parlamentar informa que tem recebido reclamações sobre a cota de combustível desde o começo do ano.
Andrade Mendonça, entretanto, afirma que, quando o cartão de combustível é consumido antes do prazo de 30 dias, é feita uma solicitação e o reembolso ocorre de imediato.
Wagner, porém, reforça que o problema tem atingido as atividades. “O policiamento ostensivo não é esperar o crime acontecer, é evitar que ele ocorra. Com as viaturas paradas é difícil”, disse. Para ele, o secretário da Segurança Pública, Delci Teixeira, tem “feito milagre” ao conseguir diminuir os índices de homicídios.
O problema também é apontado pelo presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Gustavo Simplício, que afirma estar havendo racionamento de combustível. Por meio de nota, a Polícia Civil informou que o valor da cota mensal foi definido a partir de estudo da necessidade de deslocamento. “O montante estipulado possui variáveis dependendo da utilização do veículo. Caso seja necessário o reabastecimento, um novo valor é liberado. Não existe nenhum veículo na frota da Polícia Civil que esteja parado por falta de combustível”. (Jéssika Sisnando - jessikasisnando@opovo.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
365 DIAS