RIO - O polêmico aplicativo "Peepple", que permite aos usuários avaliar pessoas como se fossem restaurantes ou filmes, foi lançado nesta segunda-feira na América do Norte. Segundo seus fundadores, a ferramenta, que ficou meses em fase de testes, tem por objetivo "espalhar gentileza", mas críticos de diferentes países dizem que a novidade é uma espécie de "Yelp para pessoas", referindo-se ao app que permite fazer resenhas de estabelecimentos comerciais.
O app, com súbtitulo de "Aqui seu caráter é seu dinheiro", já vem causando polêmica há meses, quando foi anunciado. O jornal americano "Washington Post" chamou a ideia de "aterrorizadora".
O projeto inicial permitia que usuários adicionassem pessoas à base de dados e os avaliassem por nota e com críticas sem consentimento. Críticas não podiam ser deletadas, embora elas sejam apagadas após um ano para, segundo a empresa, "refletir a capacidade das pessoas de crescer e mudar para melhor". Usuários também não podiam deletar seus perfis.
As críticas choveram com os problemas práticos, éticos e legais que o projeto gerava. "Numa era em que tanto a verdade quando fofoca podem literalmente arruinar vidas, esse aplicatico é horrível e assustador", tuitou a modelo Chrissy Teigen.
A co-criadora Julia Cordray respondem às críticas dizendo que o Peeple é "um aplicatico de positividade para pessoas positivas" que tinha sido mal explicado pela mídias.
"O que quero ressaltar é quando eu falo sobre esse dia no palco e vocês me observam, como alguém que foi pioneira em algo tão grande, quero que vocês lembrem que exige bravura, coragem, humildade e exige que você se exponha, entrando na arena... Vocês todos merecem um assento na arena", diz ela em um vídeo no Youtube. Além do discurso contraditório, o vídeo foi desativado para comentários.
O aplicativo foi lançado nesta segunda-feira para usuários de iOS na América do Norte. No lançamento, a empresa mencionou o que chamou de "pancadaria irônica" sofrido pelas criadoras do app: "Os desenvolvedores foram ameaçados, sua privacidade invadida, e foram criticados e silenciados no Twitter, YouTube, LinkedIn e no Facebook. Receberam milhares de e-mails, comentários e telefones abusivos. E tudo isso sem que o app tivesse sido lançados".
As mudanças parecem ter atendido os problemas iniciais. Usuários ainda podem fazer críticas sobre as pessoas que conhecem, mas não há mais avaliações por nota. Cada pessoa também terá controle completo sobre o que aparece em seu perfil e pode apagá-lo. E ninguém poderá ser adicionado ao aplicativo sem consentimento.
Entretanto, o app planeja lançar uma versão premium, paga, que permitirá que quem assine veja todas as críticas feitas sobre outros usuários, sejam publicamente postadas ou não.
"É a mesma coisa que eles queriam fazer antes, mas agora você tem que pagar pelo 'privilégio', criticou a jornalista americana Amanda Connoly.
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