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sábado, 10 de maio de 2014

A POLÊMICA DOS CANDIDATOS A GOVERNADOR DO CEARÁ

Impasse no Pros: partido de aluguel pode sair caro, muito caro

A direção nacional do Pros resolveu mostrar aos filiados no Ceará quem é que manda de fato no pedaço. Cansou de ver o governador Cid Gomes articular com a presidente Dilma Rousseff à revelia de seu comando.
A desenvoltura do cearense constrangia a legenda à medida que dispensava a participação de seus correligionários.
Cid desautorizado
Com a proximidade das eleições de outubro, a executiva do Pros viu a oportunidade de colocar as coisas em seus devidos lugares e decidiu cobrar a fatura política pelo aluguel (a parte financeira foi quitada, garante um cacique do PMDB), e agora exige do governo federal a substituição do ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, referendado por Cid Gomes.
O recado é claro: quem fala pelo Pros é o seu presidente, Eurípedes Júnior, estando o governador desautorizado para a tarefa.
Intervenção branca
O imbróglio pode interferir nas eleições. Caso o ministro não seja substituído, o Pros ameaça deixar a base em Brasília para apoiar o presidenciável Eduardo Campos, do PSB. A ironia é que Cid, Ciro e cia. saíram do PSB no ano passado, justamente para não apoiar Campos.
Para mostrar que não está para brincadeira, o comando nacional do Pros assumiu o controle dos registros de filiados e candidatos no Ceará, onde a sigla funciona com uma comissão provisória. É o que chamam, nos bastidores, de intervenção branca, pois a homologação de filiações e de candidaturas deverão ser submetidas aos chefes do Pros. Dessa forma, se a legenda realmente se coligasse nacionalmente com o PSB, poderia abrir mão de candidatura própria no Ceará. Olha só que sinuca de bico.
Dificuldade crônica
É provável que nenhuma das partes leve tudo às últimas consequências, pois todos têm, até agora, mais a perder do que a ganhar. No entanto, no que diz respeito ao Ceará, é inegável que o clima na base de apoio ao governo estadual fica mais instável ainda, bem no momento que a aliança ruma para um racha.
O episódio evidencia, mais uma vez, a dificuldade crônica dos Ferreira Gomes em conviver em harmonia com as lideranças  dos partidos por onde passam. Foi assim no PSDB, no PPS e no PSB. No Pros não foi diferente. Onde está o problema? Talvez seja o caso de uma boa autocrítica.
Aluga-se
O Pros é mais uma dessas siglas criadas de uma hora para outra, de olho no milionário fundo partidário, financiado com dinheiro público, e no “tráfico de minutos de propaganda eleitoral” (expressão de Ciro Gomes). Por essas e outras temos no Brasil nada menos que 31 partidos políticos.
Legendas sem substância programática ou ideológica podem servir de abrigo a políticos carentes de estrutura partidária. Mas se engana quem pensa que são casas abandonadas, sem dono. É aquela história: os inquilinos têm que prestar contas aos locatários.Sobre ratos e eleições – Ou: aviso aos navegantes
 em Eleições 2014 | 07/05/2014 - 16:01
No último dia nove de abril a irmã do governador Cid Gomes, Lia Gomes, desabafou no Facebook: “Quando o navio começa a fazer água os ratos são os primeiros a cair fora. Qualquer semelhança com nossa política não é mera coincidência.”
Pois bem. Após a nau governista no Ceará ter sido atingida por mais um torpedo do Ibope, o medo de um possível naufrágio fez aumentar o contingente de roedores dispostos a fugir. É o instinto de sobrevivência falando mais alto… Nessas horas, rato que não pula fora, ou não sabe nadar ou está preso pelo rabo.
É importante salientar, entretanto, que o expediente da traição não se restringe somente aos políticos. Esses apenas estão mais expostos à curiosidade geral. Há também o exército de comissionados, especialmente os que possuem cargos de chefia, procurando padrinhos para a eventualidade de um novo governo. No meio jornalístico então, os nervos estão à flor da pele. Muitos vivem assim, pulando de galho em galho: eram Lúcio, continuaram Cid; eram Luizianne, continuaram Roberto Cláudio. E sempre defendem o chefe da hora com impressionante paixão.
Aviso à Vigilância Sanitária
Ratazanas já foram vistas à luz do dia em famoso restaurante de Fortaleza. No cardápio, eleições, assessoria de campanha, e avaliações sobre as condições de navegação em mar turbulento.
Filme repetido
Não custa lembrar: os comandantes de hoje já pularam fora de muitas embarcações antes de assumirem o próprio navio.
Como o clima é de racha na base aliada, o contraste com os baixos números dos pré-candidatos do Pros, sigla liderada pelo governador Cid Gomes, chama a atenção. Nesse grupo, o melhor desempenho é do deputado Mauro Filho, fiel aliado de diversas gestões nos últimos 20 anos, com 8%.
Calma lá
Isso significa que o PMDB é imbatível e que o Pros não tem perspectiva de vitória? Não é bem assim. É preciso prudência.
Profissionais de campanhas eleitorais sabem que a essa altura, faltando cinco meses para o pleito, pesquisas possuem uma limitação objetiva: poucas são as pessoas que estão preocupadas com eleição. Até porque os candidatos ainda não foram confirmados. Isso fica evidente na espontânea, onde 68% não têm preferência por ninguém. Assim, aparece na frente quem é mais conhecido, uma vantagem quase inercial.
O que importa agora são as pesquisas qualitativas, que indicam quais são os grandes problemas que mobilizam a opinião pública e qual o perfil ideal de candidato desejado pela população para enfrentá-los.
Por outro lado, as manchetes ancoradas nesses levantamentos ajudam a consolidar uma imagem de competitividade a quem lidera.
Qual a razão?
A pesquisa ainda sublinha, indiretamente, um constrangimento para o governador Cid Gomes, a quem caberia comandar a costura de um palanque único para Dilma no Ceará. É que Eunício e Cid foram aliados por sete anos e agora, de repente, estão em vias de romper oficialmente.
Como explicar para o eleitor e para os demais partidos da coalizão governista o que foi que mudou nessa relação? O que alegar para descartar o nome da base com melhor desempenho nas pesquisas? Ele não é de confiança? É incompetente? Ou aliança só é boa se o candidato for do Pros?
São perguntas que, sem respostas, deixam a impressão de que tudo não passa da velha disputa do poder, pelo poder. Ninguém quer largar o osso e a desconfiança é recíproca. Nesse história, não há vítimas, pois todos fizeram de suas conveniências particulares o eixo da aliança, alheios a qualquer conteúdo programático ou ideológico. É a sua natureza, é o seu destino.

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