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sábado, 2 de agosto de 2014

DENSIDADE MÉDIA DEMOCRÁFICA NO MUNDO


Hong Kong pelas lentes de Michael Wolf, considerada a cidade mais densa do mundo @MichaelWolf
Hong Kong pelas lentes de Michael Wolf, considerada a cidade mais densa do mundo @MichaelWolf
Ontem o prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) sancionou o Plano Diretor da cidade, que estabelece, entre outras coisas, a meta de aumentar a densidade ao longo dos eixos de transporte. A ideia é boa, pois pessoas vivendo mais próximas umas das outras significa redução de deslocamentos e de gastos com energia. Mas é importante estabelecer parâmetros que definam, afinal, de que densidade estamos falando?
Grosso modo, densidade é uma relação de proporção, em que divide-se o número de moradores de determinada localidade pela área total de seu território. Oficialmente, por causa de sua dimensão continental, o Brasil tem (ridículos) 24 habitantes por quilômetro quadrado, de acordo com os dados do IBGE. Mas essa metodologia, embora seja a mais usada, traz algumas distorções, porque não considera que dentro das áreas analisadas existam espaços que simplesmente não podem ser habitados, como rios, lagoas, montanhas, florestas, desertos, faixas de areia etc.
No caso brasileiro, se olharmos apenas áreas urbanas, a taxa de densidade dispara. Vai de 24 para 10.500 pessoas por quilômetro quadrado, em média. A área urbana mais densa do país é a de Fortaleza. Ali, moram em cada quilômetro quadrado cerca de 7.800 pessoas. O número é maior que os de São Paulo, Belo Horizonte, Recife ou Rio de Janeiro, que são, respectivamente, segunda, terceira, quarta e quinta maiores densidades do país, não à toa locais bastante urbanizados.
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Por esse raciocínio, e com base nos dados da ONU, dá para estabelecer dois tipos de ranking mundial de densidade. O primeiro, considerando a área total dos países:
1º) Macau: 20.500 pessoas por quilômetro quadrado
2º) Singapura: 7.700 pessoas por quilômetro quadrado
3º) Hong Kong: 6.500 pessoas por quilômetro quadrado
4º) Bangladesh: 1.100 pessoas por quilômetro quadrado
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E o segundo, considerando apenas as áreas urbanizadas desses países (percebam como as taxas disparam):
1º) Bangladesh: 75.000 pessoas por quilômetro quadrado urbano
2º) Macau: 26.000 pessoas por quilômetro quadrado urbano
3º) Hong Kong: 25.500 pessoas por quilômetro quadrado urbano
4º) Índia: 24.500 pessoas por quilômetro quadrado urbano
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Singapura, por ter seu território inteiramente ocupado por edificações, fica com a mesma taxa nos dois cálculos e por isso cai várias posições no segundo modelo de cálculo e fica atrás até mesmo do Brasil.
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Mais uma da série Arquitetura da Densidade, de @MichaelWolf
Mais uma da série Arquitetura da Densidade, de @MichaelWolf
Claro que, mesmo nessa metodologia de considerar apenas áreas urbanas, há variações entre as regiões de uma mesma cidade. Em Hong Kong, por exemplo, alguns bairros chegam a concentrar nada menos do que 400.000 pessoas em um mesmo quilômetro quadrado. Isso acontece por  três razões: em 75% do território, que é bastante acidentado, não tem construção alguma. Além disso, a região só se desenvolveu a partir de 1970, quando um intenso boom demográfico levou os cidadãos a se instalarem rapidamente do jeito que dava. Para acomodar tanta gente num espaço disponível tão restrito, a cidade se valeu de gigantescos arranha céus, que comportam milhares de moradores e chegam a dar tontura quando encarados do chão. Por fim, há uma razão econômica, pois o preço para morar nesses mega prédios é o que a maioria da população pode pagar, já que o preço da terra é muito caro. Assim, Hong Kong é considerada a cidade mais densa do mundo e tem hoje mais de 7 milhões de habitantes em 1.000 quilômetros quadrados, área um pouco maior do que a de Paraty, no Rio de Janeiro, onde moram 33.000 pessoas.
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O fotógrafo alemão Michael Wolf ganhou fama com a série Arquitetura de Densidade (Architecture of Densitiy), iniciada a partir de 1994, quando foi morar em Hong Kong. Sua grande sacada foi retratar a densidade sem mostrar viv’alma, relevando apenas a enorme concentração de janelas, portas e sacadas, repetidas com tamanha intensidade que mais parecem estamparia de tecido do que construções reais. É como se a metrópole fosse, acima de tudo, uma máquina de morar. Por isso, quando se discute densidade, seja para uma análise de Plano Diretor ou do funcionamento de cidades ou países, é preciso ter bem claro a resposta para a pergunta feita no início do post: afinal, de que densidade estamos falando?
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Arranha-céus de Hong Kong, alternativa de ocupação para uma área pequena com muita gente e imóveis a preços altíssimos @MichaelWolf
Arranha-céus de Hong Kong, alternativa de ocupação para uma área pequena com muita gente e imóveis a preços altíssimos @MichaelWolf

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