Passado menos de um mês das convenções que definiram as alianças
eleitorais, vários políticos já “pularam a cerca” para apoiar candidatos
a governador de fora de suas coligações. Criticada de ambos os lados, a
infidelidade altera o equilíbrio eleitoral na disputa pelo governo do
Ceará.
Se possui a maior coligação do Estado - com 18 partidos -, Camilo
Santana (PT) também leva consigo o maior número de baixas na base. Até
agora, pelo menos três deputados e cinco prefeitos de partidos aliados
já “trocaram o barco” petista pela candidatura de Eunício Oliveira
(PMDB).
Em contrapartida, três prefeitos e dois vereadores de Fortaleza
deixaram a aliança peemedebista para apoiar Santana.
A mudança de lado mais recente veio pelo deputado federal
Manoel Salviano (PSD). Apesar de ter subido no palanque que lançou
Camilo ao governo em junho, o parlamentar anunciou neste fim de semana
que retirará a candidatura de seu filho, Samuel Salviano (PSD), para
apoiar candidatos da chapa encabeçada por Eunício. Ely Aguiar (PSDC) e
Hermínio Resende (Pros) também trocaram a base cidista pelo PMDB.
Na
tarde de ontem, evento do comitê de Eunício em Fortaleza contou ainda
com presença prefeitos de Milhã, Ibicuitinga, Pereiro, Mombaça e Iguatu -
todos de partidos coligados com Camilo Santana.
Mesmo dono de arco de alianças menor que o do adversário - de nove partidos -,
Eunício
não escapou de ter também suas baixas. Até a tarde de ontem, os
prefeitos de Limoeiro do Norte, Santa Quitéria e Nova Russas (dois deles
do próprio PMDB) já haviam confirmado saída da base eunicista para
apoiar Camilo.
A assessoria de imprensa do petista também
afirma que os vereadores Carlos Mesquita (PMDB) e Wellington Saboia
(PSC) estariam apoiando Camilo. A reportagem tentou entrar em contato
com ambos, mas não obteve resposta.
Em entrevista ao
O POVO
na tarde de ontem, Eunício Oliveira se disse “assustado” com práticas
de concorrentes na garantia de apoios. Sem citar nomes, o peemedebista
denunciou suposto uso de recursos estaduais para cooptar prefeitos do
interior. “Eu imaginava inclusive que as estradas estaduais estavam
muito boas, porque nós aprovamos R$ 900 milhões para reconstrução delas.
E tô vendo que tão pegando esse dinheiro e não fazendo, dando pra
municípios pra fazer política”, diz.
O líder do governo na
Assembleia, José Sarto (Pros), rejeitou as denúncias. “Acho que já
começou a temporada de desespero político (...). O governo não vai parar
porque é eleição, ele vai continuar a executar as obras que sempre
executou”.
Quem trocou de candidato
Aliados de Cid que apoiam Eunício
Deputado federal Manoel Salviano (PSD) e os deputados estaduais Ely Aguiar (PSDC) e Hermínio Resende (Pros).
Prefeitos
de Ibicuitinga, Cleomário de Freitas (PRB); Milhã, Otacílio Macedo
(PP); Pereiro, João Francismar (PSD); Mombaça, Ecildo Filho (PSD); e
Iguatu, Aderilo Alcântara (PRB). E ainda os presidentes das câmaras de
Campos Sales, Jaguaribe, Limoeiro do Norte e Tarrafas.
Coligados com o PMDB que apoiam Camilo
Os vereadores Carlos Mesquita (PMDB) e Wellington Saboia (PSC).
Prefeitos de Limoeiro do Norte, Paulo Duarte (DEM), de Santa Quitéria, Fabiano Lobo (PMDB), e Nova Russas, Gonçalo Lobo (PMDB).
*Adesões divulgadas pelas assessorias de imprensa dos candidatos. Os políticos não foram localizados para comentar o assunto.
Saiba mais
Disputa
pela Prefeitura de Fortaleza em 2012 ficou marcada por intenso
“troca-troca” entre aliados de Roberto Cláudio (então PSB) e Elmano de
Freitas (PT). Na época, partidos como o PTC e o PTdoB, alteraram
diversas vezes seu candidato. Os casos foram parar na Justiça.
Em
entrevista na tarde de ontem, o vice-prefeito de Fortaleza, Gaudêncio
Lucena, evitou o tema: “Toda a vez que confirmo uma adesão ao jornal,
logo depois acontece o contrário. Melhor evitar”.