De acordo com os artigos 54 e 55 do Código Brasileiro de Trânsito
(CTB), para circular em vias públicas, motociclistas e passageiros
devem usar, no mínimo, capacete com certificado do Inmetro
Foto: Alex Costa
Falta de equipamentos de segurança está relacionada a quase 100% dos óbitos e ferimentos nesses casos
Nas estatísticas de acidentes de trânsito no Ceará, os motociclistas
são os principais envolvidos nas ocorrências que resultam em ferimentos
graves ou morte. Nesta mesma época, no ano passado, em pleno Carnaval,
as estradas do Estado registraram 152 acidentes de moto, com 151 pessoas
feridas e 17 óbitos, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito
(Detran). O número de fatalidades entre condutores e passageiros dos
veículos de duas rodas foi equivalente a mais de 50% das mortes no
trânsito durante o período, um total de 35.
A não utilização de equipamentos de segurança, conforme o comandante da
Polícia Rodoviária Estadual (PRE), coronel Paulo Sérgio Braga, está
relacionada a quase 100% dos óbitos e ferimentos em acidentes de moto.
Somente nas CEs, ao longo do Carnaval de 2013, das 11 pessoas vitimadas,
três não estavam munidas de capacete. "A maioria dos motociclistas
envolvidos nos acidentes não usa o capacete, que é obrigatório. Em
segundo lugar, vem a ausência de habilitação e, depois, a ingestão de
álcool", explica.
De acordo com os artigos 54 e 55 do Código Brasileiro de Trânsito
(CTB), para circular em vias públicas, motociclistas e passageiros devem
usar, no mínimo, capacete com certificado do Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e vestuário de proteção
conforme as especificações do Conselho Nacional de Trânsito (Contram). A
Lei determina, ainda, que motofretistas e mototaxistas precisam
utilizar, também, coletes refletivos, e instalar no veículo antenas
dianteiras e um protetor de pernas.
Mas apesar de serem os únicos itens exigidos pelo CTB, as lojas de
acessórios voltados para motociclistas disponibilizam de uma grande
variedade de equipamentos que visam à segurança de quem utiliza o
transporte. São jaquetas especiais, joelheiras, botas, luvas e outros
utensílios considerados opcionais, mas que fazem muita diferença no caso
de um possível acidente.
Preocupação
O comerciante Vicente de Paula Sousa, de 59 anos de idade, utiliza a
moto como principal meio de transporte, mesmo tendo carro em casa. Em
todos esse tempo de experiência com o veículo, já sofreu três grandes
acidentes. Em um deles, foi arremessado da moto enquanto dirigia a uma
velocidade de 80km/h. No entanto, nenhuma sequela restou dos episódios.
Preocupado com a segurança, costuma utilizar cerca de cinco equipamentos
de proteção.
"Tenho uma jaqueta com protetor de coluna, ombros e cotovelos,
joelheira, luvas, capacete com viseira, e bota. Em todos os acidentes
que tive, nunca sofri nada. Caía, mas como estava com casaco e
joelheira, conseguia me levantar depois e ia embora normalmente. Só os
equipamentos que quebravam ou rasgavam", diz Vicente.
A proteção, contudo, não foi barata. Segundo ele, o conjunto de
acessórios custou por volta de R$ 2 mil. Em lojas especializadas, uma
jaqueta do mesmo modelo que a do comerciante custa a partir de R$
300,00. Um kit com joelheiras e cotoveleiras sai por R$ 120,00, em
média. Já o valor de um par de botas especiais para motociclistas pode
chegar a R$ 400,00.
Embora reconheça que a imprudência dos condutores tem boa parcela de
culpa nos acidentes, Vicente acredita que muitos não têm condições de
arcar com as despesas dos equipamentos. "Lamento que o País cobre tantos
impostos para acessórios de segurança de motos. Trabalho como
voluntário na área de saúde no Frotão (Instituto Dr José Frota) e é
muito triste chegar em cinco enfermarias e ver que só dois pacientes não
são de acidentes de moto. As sequelas são irreversíveis e acontecem
quase sempre", afirma.
Nesse Carnaval, a PRE e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) irão
fortalecer as ações de fiscalização de motociclistas. O inspetor Karlos
Derickson, do setor de policiamento da PRF, afirma que na região
litorânea do Estado, policiais em moto farão abordagens aos condutores
dos veículos de duas rodas para checar o uso de equipamentos de
segurança, documentação, e posse de habilitação. Segundo o coronel Paulo
Sérgio Braga, o mesmo trabalho será feito pela PRE, também nas praias,
com o uso intensivo de etilômetros.
Vanessa Madeira
Repórter