O fim do
Em 25 de julho de 2000, um trágico acidente marcou o começo do fim para o Concorde, o mais famoso avião comercial supersônico da história. O incidente também representou um grande obstáculo para os voos civis acima da velocidade do som, que só voltariam a ser cogitados seriamente quase 20 anos depois.
Naquela data, um Concorde partia de Paris, na França, com destino a Nova York, nos Estados Unidos. A bordo estavam 109 pessoas — 100 passageiros e nove membros da tripulação.
Durante a decolagem no Aeroporto Charles de Gaulle, o avião passou por cima de uma peça metálica que havia caído na pista. Essa peça perfurou um dos pneus dianteiros, cujos estilhaços atingiram a asa esquerda da aeronave, causando a ruptura de um tanque de combustível.
O combustível vazando gerou um incêndio logo abaixo da asa, agravando ainda mais a situação. Pouco tempo depois, o motor número 2 começou a falhar, seguido por uma instabilidade momentânea no motor 1. Ainda assim, os pilotos conseguiram tirar o avião do solo.
Com o alarme de incêndio soando, a tripulação optou por desligar o motor 2. Tentaram então recolher o trem de pouso, mas o sistema não respondeu. O Concorde seguiu voando a baixa altitude — cerca de 60 metros — e a uma velocidade de aproximadamente 370 km/h por pouco mais de um minuto.
Enquanto isso, o controle de tráfego aéreo informava aos pilotos que havia fogo visível na parte traseira da aeronave. Questionados sobre a intenção de retornar ao aeroporto de origem, os pilotos indicaram que tentariam um pouso de emergência no aeroporto de Le Bourget, a cerca de 7 km dali.
Infelizmente, o avião não conseguia ganhar nem altitude nem velocidade. O motor 1 perdeu potência, o que levou a uma inclinação acentuada. Em seguida, os motores 3 e 4 também falharam. Sem sustentação suficiente, o Concorde caiu sobre um hotel, matando todas as pessoas a bordo e quatro no solo. A tragédia se desenrolou em menos de dois minutos.
A investigação concluiu que o acidente foi causado por uma faixa metálica caída na pista, parte de um motor de um DC-10 que havia decolado minutos antes. Esse pedaço de metal danificou o pneu do Concorde, e os fragmentos resultantes perfuraram o tanque de combustível.
Além disso, os peritos sugeriram que, se o trem de pouso tivesse sido recolhido com sucesso, as chamas talvez fossem contidas em voo, o que poderia ter evitado a perda total de controle.
Após o acidente, as companhias aéreas que operavam o Concorde — Air France e British Airways — suspenderam temporariamente os voos. O serviço foi retomado apenas no final de 2001, mas em novembro de 2003 o modelo fez seu último voo comercial.
Ao longo de sua história, apenas 20 unidades do Concorde foram construídas. Apesar de sua inovação tecnológica, o avião se mostrou economicamente inviável. Com custos operacionais elevados e passagens que podiam ultrapassar US\$ 10 mil, voar no Concorde era um privilégio para poucos — mesmo que oferecesse metade do tempo de voo de um jato convencional.
A capacidade de carga também era limitada, o que obrigava os passageiros a viajar com pouca bagagem. Isso se devia tanto ao design quanto à necessidade de manter o peso da aeronave o mais baixo possível.
Atualmente, vários exemplares do Concorde estão preservados em museus ao redor do mundo. Um deles, inclusive, foi doado ao Museum of Flight, em Seattle, pela própria British Airways.
Nos últimos anos, o interesse em retomar os voos comerciais supersônicos vem crescendo. A empresa Boom, por exemplo, está desenvolvendo o Overture, um novo avião supersônico com planos de entrar em operação a partir de 2029.