Pesquisar este blog

domingo, 27 de dezembro de 2015

MEC reconhece outras formas de organizar a escola

Pela primeira vez na história
por Denis Plapler em 22/12/2015


Em pleno século XXI escutar os estudantes, permitir que estudem aquilo que desejam e inclui-los na elaboração das regras de suas escolas, ainda é extremamente inovador.

Após conversar com Albert Einstein, Carl G. Jung desenvolveu o conceito de Sincronicidade. Quando duas coisas acontecem simultaneamente, dando-nos a impressão de coincidência, na verdade elas estão intimamente interligadas de forma significativa, o universo está todo ele interligado, tanto no campo físico como no psíquico, sendo que o campo físico e o campo psíquico também estão completamente interligados, são inseparáveis. Então, quando duas ou mais experiências acontecem ao mesmo tempo e apresentam significado para duas ou mais pessoas que vivenciaram esta(s) experiência(s), isto não é uma simples coincidência, mas aquilo que Jung nomeou como Sincronicidade, a tomada de consciência de relações que, em grande parte do tempo, permanecem imersas no Inconsciente Coletivo.
No Estado de São Paulo, estudantes secundaristas contrários ao projeto de reorganização planejado pelo governador Geraldo Alckmin, inconformados com a atitude impositiva e antidemocrática do governo do Estado, deram uma aula de cidadania para todo o país ocupando mais de duzentas escolas. Os adolescentes finalmente apropriaram-se de suas escolas e neste processo descobriram o poder que possuem ao agir de forma coletiva e autogestionada. A hierarquia foi substituída pelo respeito, os processos burocráticos foram substituídos por processos participativos e colaborativos, a depredação do patrimônio estatal foi substituída pela recuperação do espaço público. As aulas verticais, antes dentro de salas e carteiras apertadas, passaram a acontecer de forma horizontal em todos os espaços da escola e tomaram as ruas. Obrigaram-se a pensar e deixaram de obedecer, assim fizeram das escolas estatais escolas realmente públicas. A ausência do Estado deu lugar ao mais alto grau de ordem.
Independente do que está por vir, estes estudantes já demonstraram ao mundo mais uma evidência de que utopia é apenas uma palavra usada para nomear aquilo que ainda não foi feito e muitas vezes se faz necessário.  
Enquanto isto, em Brasília, Helena Singer (uma das pioneiras em práticas e pesquisas em educação democrática no Brasil, doutora em Sociologia pela USP, ex-coordenadora pedagógica do projeto Aprendiz, autora do livro República das Crianças e uma das fundadoras da escola Lumiar, onde as regras da escola são feitas de forma coletiva, em assembleias com seus estudantes) trabalhava para que o MEC pela primeira vez na história reconhecesse novas formas de organizar a escola, buscando qualificar a rede pública de ensino para que deixe de desperdiçar o potencial presente em cada um de seus estudantes.
Contratada para o Ministério da Educação pelo ex-ministro Renato Janine Ribeiro, Helena é responsável pela iniciativa por Inovação e Criatividade na Educação Básica do Brasil. Através de um edital que permaneceu aberto por dois meses, de outubro a novembro, o MEC mapeou 178 organizações educativas, escolares e não escolares, públicas e privadas, de educação infantil, fundamental, ensino médio, técnico e EJA, escolas urbanas, rurais, indígenas e quilombolas, distribuídas por todas as regiões do Brasil e que já trabalham de forma distinta do convencional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

365 DIAS