
Combatentes da linha de frente da pandemia de Covid-19, enfermeiros representam uma das categorias profissionais mais determinantes na melhora dos infectados pelo novo coronavírus. Isso porque são eles que cuidam ininterruptamente dos doentes em diferentes aspectos, sejam clínicos ou emocionais. Consequentemente, os enfermeiros são os segundos profissionais da saúde mais acometidos pela doença em número de casos (2.165), de acordo com dados do IntegraSUS nesta terça-feira (11). Técnicos e auxiliares de enfermagem são os profissionais mais afetados (6.321 casos).
Nesta quarta-feira (12), em que se celebra internacionalmente o Dia da Enfermagem e do Enfermeiro, o Diário do Nordeste convidou profissionais para relatarem suas vivências no enfrentamento à pandemia e expor como se sentem após um ano de trabalho exaustivo.

Apesar do “fôlego” adquirido no manejo clínico, os desafios pessoais dos enfermeiros persistem. E Nancy, às vezes, precisa driblar os próprios para ajudar os colegas a enfrentarem os deles. “Estar numa gerência faz com que você tente se superar a cada momento porque nós temos nossos medos, questionamentos, mas tudo isso tem que ser trabalhado para que você passe segurança e tranquilidade para aquelas pessoas que veem você como líder”, comenta.
Como outros profissionais da saúde, Nancy se sente vulnerável e diariamente teme levar a doença do hospital para sua filha, esposo e pais idosos. No entanto, conta, com orgulho, que nunca teve dúvida em relação à sua profissão e que justamente essa realização é o que tem dado força e motivação para continuar enfrentando a pandemia, apesar dos medos.
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“O compromisso e essa sensação de realização plena enquanto profissional nos impulsiona a continuar na luta, a dar o nosso melhor para os pacientes que estão sob nossa responsabilidade”, garante a enfermeira, que defende, ainda, que a categoria seja apoiada em todos os aspectos, do técnico ao psicológico. “Os profissionais estão exaustos. Muitos adoeceram”, compartilha.
“Jamais pensei que fosse sair dos livros”
A coordenadora de enfermagem do Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA), Aline Freitas Campelo, 39, nunca imaginou que enfrentaria uma pandemia. “Durante o período da faculdade a gente lia, estudava. Jamais imaginava que um dia pudesse vivenciar algo assim. Uma pandemia, realmente. Jamais pensei que fosse sair dos livros”.
Como Nancy, a profissional garante que, hoje, os enfermeiros estão mais habituados aos protocolos clínicos de tratamento da infecção. Porém, um dos momentos recentes mais difíceis para ela foi o de ter de reativar leitos devido ao aumento no número de novos casos. “Aquilo nos entristeceu”, partilha Aline, destacando que o fator psicológico ainda abala muito.























